Monday, December 22, 2008

ALLO ... ALLO - "Intermission"







Clubland - White's







White's foi fundado em 1693 por um imigrante italiano Francesco Bianco (Bianco-White) no nº 4 da Chesterfield Street como casa especializada na venda de Cacau e Chocolate, na época verdadeiras e caras"delicatesses", e no contexto já explicado por mim no "post" anterior de "Clubland".
O estabelecimento tomou o nome de "Mrs. White's Chocolate House"
Em 1778 mudou-se para os nºs 37-38 de St. James Street.(fig.s)
A rivalidade já existente com o Brook's, do outro lado da rua, foi acentuada a partir de 1783 quando o "White's" se tornou na sede não oficial dos "Tories", ao passo que o Brook's o era respectivamente dos "Whigs" (Conservadosres e Trabalhistas).
Esta tradição manteve-se, com o clube a ser dirigido até recentemente, por Ian Cameron, o pai de David Cameron.
Diga-se de passagem que, todos os conservadores deste clube, passaram por Eton ( ou Harrow) além de outras "ancestral idades" mais longiquas.
Na figura de topo-direita pode ver-se a mítica Bay ( ou Bow ) Window adicionada em 1811, onde estava colocada a famosa mesa onde Beau Brummel reinava e atemorizava até à sua queda ...
A intensidade e a escala das apostas ao jogo e não só, arruinou muitos membros entre outros Brummel, como já vimos.

Sunday, December 21, 2008

CLUBLAND



















Clubland ou o "País dos Clubes" situa-se à volta de uma zona especifica em Londres.
O eixo principal é Pall Mall, o seu cruzamento com Waterloo Place e ainda a área abrangente como St. James Street.
Os Gentlemen's Clubs ( não confundir com a mesma designação para clubes eróticos e locais menos recomendáveis ) foram, e apesar de uma crise de sobrevivência de alguns, ainda são os locais de excelência da vida masculina britânica em sociedade.
Estando a ideia do Clube ligada à exclusividade e a um método rigoroso de selecção dos membros, não só através dos temas e motivações da actividade temática do Clube, mas também, e talvez acima de tudo, através das características de porte , civilidade e "gentlemen-ess", curiosamente os clubes tiveram a sua origem em locais públicos.
Assim a partir do Sec. XVII com a introdução do café da Turquia por David Saunders em 1652, e do Cacau em 1648 pelo frade dominicano Thomas Gage, novos estabelecimentos especializados na venda destes produtos começaram a aparecer, e rápidamente se tornaram locais de convívio, de tertúlia e ... também de jogo.
A popularidade destes estabelecimentos foi tal que no Sec. XVIII já existiam centenas delas em Londres e Westminster.
No entanto o seu carácter público e a sua actividade de jogo implicava promiscuidade social e respectivos perigos ... além do perigo de indiscrição no que respeita os conteúdos e informações das conversas de carácter social, empresarial e politico existia permanentemente o perigo de, através do convívio, ser exposto directamente a criminosos ... e sofrer as consequências disso.
Com efeito os clubes que ainda são considerados o "créme de la créme" de "Clubland" ou seja o "White's", o "Brook's" e o "Boodle's", todos com sedes em St. James Street tiveram a sua origem, quando estes estabelecimentos através da necessidade dos seus membros de exclusividade, selecção e privacidade se tornaram privados, garantindo assim uma qualidade de ambiente e protegendo os seus membros de encontros não pretendidos e de situações indesejadas.
"White's"e "Brook's" apesar das adaptações, fusões e concessões que outros clubes tiveram que fazer para sobreviver a partir dos anos 60, ainda lá estão, incólumes e inabaláveis, na sua tradição de membros da aristocracia e da "landed gentry".
"White's" mantém um sistema de "Blackball"implacável, e cada membro que promova um novo membro, sujeita-se ele próprio a um novo escrutínio .... pois diz a tradição .... cada proposta falhada e "blackballed" transporta em si a expectativa de que o próprio membro promotor apresente a demissão (!).
A seguir a este triunvirato de topo e á parte de excentricidades tais como o "Beaf-steak club" fundado em 1735 e instalado na inesquecível "Shakespeare Tavern" desde 1808 que tinha a particularidade de contar 24 membros (sendo o 25º o Príncipe de Gales ), seguem-se os clubes da "segunda linha".
Mas ainda em relação ao "Beaf-steak" club, os seus membros encontravam-se às cinco horas motivados pelo tema do "Bife" e utilizando-o como pretexto para desenvolver monumentais bebedeiras de Vinho do Porto e Punch ... imaginem-se o estado daqueles figados ...
Os clubes de "segunda linha", só são de segunda na perspectiva dos membros do triiunvirato de St James >Street, pois apresentam as sedes mais magnificas, construidas por grandes arquitectos .... basta pensar no "Athenaeum" e o antigo "United Services" Club, um em frente do outro, e formando urbanisticamente Waterloo Place de forma majestosa.
Estes surgiram à volta da metade do Sec.XIX, quando as "upper middle-classes"e os militares da época Vitoriana, começaram a sentir a necessidade de fundar os seus próprios clubes.














Sunday, December 14, 2008

HARRIS TWEED Chez Moi 5











Dois exemplos bem "patinados" do "bom" Harris tweed, quer dizer dos anos 60 ... Têm um calibre de manta e uma promessa de grande durabilidade.
Um, o verde tem um ticket pocket bem colocado. O outro que aproxima a ideia dum Hacking Jacket não tem ainda cotovoleiras de pele, mas a estrutura do tweed deixa bem ver que já tem muitos anos de aventuras e de sonhos ...
Foram resgatados por mim e salvos do chão no Waterloo Plein (feira da Ladra) de Amsterdão.
Desta qualidade já não se fazem .... o sindroma italiano apoderou-se dos produtores e começaram a diminuir o calibre do "Tweed" ... estes dois foram ainda feitos no U.K. para as ventanias da Escócia e não para as "aventuras" urbanas de Milão (!)

HARRIS TWEED Origens e Evolução (cont.)







Em 1842, Lady Dunmore ( representada na imagem superior numa dramatização histórica ) viúva do Conde de Dunmore impressionada pela fama do tweed produzido nas ilhas, resolveu fazer produzir o "Tartan" Murray, através deste método.
O resultado foi de tal maneira satisfatório que ela dedicou a partir deste momento, grande parte do seu tempo à promoção e divulgação do "tweed" produzido nestas ilhas, que começou a ser divulgado e admirado em todo o Reino Unido.
A Indústria Harris Tweed tinha nascido.
Com o desenvolvimento da fama veio o sucesso comercial e o aumento da procura.
Até 1903 a tecelagem, até há muito pouco tempo circunscrita à dimensão caseira, era na maior parte feita por mulheres. A partir de 1903 com a invenção de um novo tipo de tear, mais eficiente e mais pesado a tecelagem começou a ser desempenhada por homens.
A partir de 1906 e depois da criação da marca em 1905 esforços conjuntos e estratégias organizadas foram desenvolvidas.
Assim foi criado a famosa etiqueta- certificado que comprova exclusivamente a autenticidade de proveniência e de fabrico de cada peça de harris tweed.
A Marca passou a ser registada em 1910 e em 1911 cada peça produzida começou a ser estampada com o famoso selo.
A produção foi sempre aumentando, sem nunca abdicar das características que tornam o produto único. As melhorias técnicas no processo de tecelagem mantiveram sempre a pureza destas mesmas características.
Isso levou a uma grande variedade de tons conseguidos por mistura de fios na produção do tecido e usando plantas locais, dentro da tradição secular de tingimento, criando mesmo dentro dos temas, peças únicas e muito procuradas pela Meca da Alfaiataria e da Arte Sartorial de Savile Row em Londres.
Infelizmente desde os anos 90, os problemas têm-se vindo a acumular com despedimentos e globalização da produção, chegando a falar-se numa centralização e redução das peças a quatro tipos.
Embora alguns pequenos produtores ainda resistam, teme-se o pior ...(!)
Portanto gentlemen, guardem os vossos Harris Tweed como aristocratas ameaçados ...

HARRIS TWEED Origens e Evolução







Harris tweed é exclusivamente produzido desde tempos imemoriáveis pelos habitantes de um grupo de ilhas situadas no mais norte da Escócia, entre as "Highlands" e o Atlântico Norte.
Este grupo de ilhas chamadas de "Outer Hebrides"é constituído por ilhas com nomes como Lewis, Harris,Ulst e Barra. O trabalho artesanal e manual dos seus habitantes mantém vivo este verdadeiro mito do têxtil com textura, cores e organicidade únicas.
As caracteristicas ancestrais de produção nestas ilhas deste tecido mantiveram-se inalteradas até mesmo depois do resto da Escócia se ter convertido aos processos mecanizados de tecelagem de Tweed, através da Revolução Industrial.
Até meados do Sec. XIX a produção garantida pelos ilhéus, apesar da fama da qualidade produzida nas ilhas de Lewis e Harris, destinava-se ao consumo próprio e aos mercados locais.